Design de produto aplicado ao artesanato de populações tradicionais
Área Temática: Trabalho e Desenvolvimento Profissional
Município: Santo Ângelo
Região: Missões
Justificativa: O artesanato é uma forma de expressão cultural comumente vinculada ao território e à comunidade que a produz. Além do aspecto cultural, o artesanato é um setor econômico com alto potencial de crescimento e geração de trabalho e renda. Estimativas do IBGE apontam que, no país, o setor movimenta R$ 50 bilhões anuais e conta com oito milhões de artesãos. O Programa Gaúcho de Artesanato (PGA) tem atualmente mais de 56 mil artesãos cadastrados. Segundo dados do PGA, no ano de 2018, foi lançada em notas fiscais, no RS, a venda de mais de 1,9 milhões de peças de artesanato, somando mais de R$ 33 milhões. Entre os povos e comunidades tradicionais, o artesanato possui inegável relevância na vida cotidiana, implicando tanto na preservação da cultura quanto no sustento material das comunidades. No livro "Garimpo das Artes Artesanais do RS: saberes e fazeres" (2015), Letícia de Cássia reúne relatos e imagens de artesãos de povos e comunidades tradicionais, indígenas (Kaingang, Charrua, Guarani) e quilombolas. Em comum, todos referem a intimidade entre o artesanato e a identidade cultural do seu povo. O artesanato é também muitas vezes a principal fonte de renda destas comunidades. Referindo-se aos Kaingang residentes no noroeste gaúcho, Maryjara Mazzocato Dazzi, servidora da Funai, revela que "desde pequenas, as crianças aprendem a fazer tudo. Para os indígenas 'problema' é a criança ou o jovem não aprender, não saber confeccionar artesanato, pois não saberá ganhar seu sustento". Entretanto, embora o artesanato seja fundamental para os povos e comunidades tradicionais, a produção artesanal destes grupos não encontra reconhecimento semelhante junto ao público consumidor. À esta realidade se somam a dificuldade de acessar as matérias primas tradicionais e os diversos entraves para o escoamento da produção artesanal. Considerando esse cenário, o projeto em questão visa a promoção de capacitações em design territorial a artesãos de comunidades tradicionais no RS, a fim de potencializar a geração de renda destas comunidades, preservando, também, o patrimônio cultural imaterial que representam. Com metodologia sensível às especificidades locais, que permite conhecer e entender os fazeres tradicionais, para então capacitar e fomentar a produção e comercialização, esta proposta contempla a possibilidade de os grupos imprimirem suas culturas em novos produtos, adequarem produtos já existentes, conquistarem novos mercados e aumentarem o valor agregado de seus produtos finais.